Conto uma história curta. Na realidade, um crime. Um crime
passional. Fim de uma paixão cujo início foi igual a todo início de uma paixão.
O casal se conheceu no carnaval, deitou-se nas cinzas, foi
morar junto num maio esplendoroso, mais esplendoroso do que qualquer outro.
Maio do amor. Maio da fúria. Maio único. E único maio.
Em setembro, ele, ao abrir a porta de casa, encontrou a
mulher encolhida no sofá. Os dois se olharam. O olhar dele carregava o brilho
do primeiro dia. O dela continha uma bruma, o amor fugira dali.
Foi o suficiente. Ou melhor: é o que se pode supor.
Ao arrombarem a porta, o que havia? Ela e ele mortos. Ela
morta por ele. Ele morto por ele. Não se sabe nada além disso.
A vizinha do lado emprestara-lhes, no início de julho, uma
cumbuca de açúcar. Considerava-os simpáticos, mas não os encontrara mais de
duas vezes.
2 comentários:
Será que a vizinha recuperou o açúcar? História curta, profunda e dramática. Linda!
O açúcar acho que não, mas a cumbuca....
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