Do diabo: “Há um lúcifer no fim do túnel”, me disse meu
anjo da retaguarda. Fiquei aterrorizado e reagi com firmeza: “Não se brinca com
esse tipo de coisa”. Lustrando suas asas, o anjo argumentou que sua função
celestial o impedia de fazer brincadeiras.
A bala perdida: Os times estavam muito bem armados,
razão pela qual não sobrou um zagueiro em pé. Os tiros saíram de todos os
lados, e as vítimas caíram à direita, à esquerda, também pelo meio, onde,
aliás, um bom centroavante poderia fazer uma graça. Pelo VAR, confirmou-se
tardiamente, o único impedido era o juiz.
A nova sintaxe: O direito é um dever de todos, dos
que devem e negam, dos que devem e não negam e, por fim, dos que não negam, não
devem, não se endireitam e, assim mesmo, devedores ou diretores são. Que fique
claro.
Pastor posto como chefe: Os buracos na rua com o
tempo não serão mais buracos, serão ruas. Esta é a palavra sagrada. O resto é
tormenta.
Willie Nelson: Eu disse ao Negão para nos sentarmos
na mesa embaixo da foto do senhorzinho simpático, com certeza um texano valente.
Pedimos nosso hambúrguer e, enquanto esperávamos, viramos memes.
Dois pesos e duas medidas: Para dar fim ao Supremo,
basta um cabo, pode ser até de vassoura. Para matar um negro pobre, o exército e
uma falsa guerra.
De volta ao paraíso: A lógica em torno do que está
sendo feito com a educação é muito simples. Com um esforço mínimo, qualquer um
entende. Vamos lá. Tudo começa lá atrás, quando não havia nem filosofia nem
sociologia e o mundo era um paraíso, embora ninguém soubesse, pois o saber
também não existia. Sendo assim, para voltar ao paraíso, nosso destino desde
sempre, urge desaprender.
Um comentário:
Estupendas essas pílulas mais ou menos amargas, indigestas, mas lúcidas, meu amigo. Parabéns, suas minicrônicas dão conta do recado, dão cabo da função. E nem acabam com o país. Ao contrário.
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