Alexandre Brandão/set.2010
Ao sair do eixo
Feito um pato sem plumas diante do espelho
Ou, diante do mesmo espelho, o espelho da alma de um gato triste
A memória caçoa do desejo —
Esse que escreve descolorido
Em pergaminho que não guarda segredos.
E eu me pergunto:
Quem costura a pronúncia da dor?
Quem limpa o dejeto da beleza?
O braço à espera da morfina
O rosto envergonhado do sem-vergonha
A nostalgia rasteira dos confusos
— ou aquele por trás disso.
O verbo incapaz
A frase não dita
O pôr do sol depois do sol posto
— ou o que é avesso a tudo isso.
Quem?
2 comentários:
é interessante como as palavras não traduzem o que sentimos, não torna palpável certos conceitos, mas ao se colocar no verso, em meio a comparações, alucinações e outros efeitos de construção, elas abarcam tudo, explicam tudo,mesmo sem explicar. la nos preenche, nos consola.
Lindo texto...
bjs
Paula, tenho uma insegurança estupenda com a poesia. Nunca sei se o que escrevo é bom ou ruim, aliás, tenho dificuldade mesmo com o gênero, mesmo como leitor. Assim, seu retorno me conforta.
Obrigado.
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