Para o Raul Drewnick, à sua moda e com menos brilho
Um
Morreu meu
amigo que dizia “ô, maluco!” e, logo depois, o Wilson das Neves, que repetia
“ô, sorte!”. Sei lá se com eles está findando nossa capacidade de exclamar, que
é a mesma de espantar-se. Seria o fim.
Dois
Esse chope mal
tirado, esse silêncio do qual não me desgrudo, aquelas contas por pagar botam a
gente petrificado como o diabo.
Três
No meu jardim
de inveja, as flores do vizinho não fedem nem cheiram.
Quatro
Com o tempo, a
saudade — sem motivo — vinga feito doença crônica.
Cinco
Li há pouco
numa tabuleta de rua: “Fé nas cria”. Achei minha igreja.
Seis
Naquela noite
de inverno, sem ninguém que pudesse me aquecer, descobri do vinho o fogo e o
mistério e, imodesto, nem no frio ousei crer.
Gordura
O problema é o regime.
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