O Estilingues, formado há 30 anos por um grupo de amigos que
se conheceu em uma oficina literária, talvez uma das primeiras do Rio de
Janeiro, a OLAC (Afrânio Coutinho), pretende celebrar a data este ano. Desde
2012, Cristina Zarur, Marilena Moraes, Miriam Mambrini, Nilma Lacerda, Sonia
Peçanha, Vânia Osório e eu, antecipando as comemorações dos 30 anos, lançamos
dois livros de contos — Amores vagos (orelha
de Luiz Ruffato) e Mapas de viagem (orelha
de Maria Valéria Rezende), coletâneas que têm percorrido o circuito não
comercial. Entregamos um livro a uma pessoa e pedimos a ela que, uma vez lido,
ele seja passado adiante. Isso quando não “esquecemos” um exemplar por aí: num
banco de praça, num ônibus, em qualquer lugar. Sonhamos que nossa estilingada
literária, em vez de matar passarinho, ressuscite o prazer da leitura na mesma
proporção com que, nestes anos todos, nós temos escrito e lido uns aos outros. Ah,
meu leitor, você pode imaginar a força que um grupo ganha compartilhando vinho
e texto e embates (que não são raros) por tanto tempo, com tanta persistência. Enfim,
vem coisa por aí, vocês verão, ou melhor — e é o que espero —, lerão.
No último encontro, entre o barulho das folhas dos originais
e o tinir dos copos, me dei conta de que faz dois anos que não escrevo um
conto. Tudo que tenho levado são textos antigos, alguns muito antigos, talvez
por isso o livro que organizo para a efeméride me faz pensar em um diálogo com o
primeiro, Contos de homem (de 1995). Este
é um livro duro, no qual corri riscos: com a escrita, com a organização dos
contos, com tudo. Um querido amigo já falecido dizia que, depois que eu seguir para
outras paragens, tudo que restará de mim será esse primeiro livro. Espero que
ele tenha se enganado, mas o fato é que não me envergonho da obra imatura.
Aliás, uma das poucas coisas que inflam minha vaidade é o prefácio escrito pelo
mestre João Gilberto Noll.
Ficar sem escrever um conto não me incomoda. Não sei quantos
anos de escrita, um pouco mais do que os 30 do Estilingues, me calejaram. Aprendi
que, se falta conto hoje, amanhã virá uma enxurrada deles (a maioria será jogada
fora). Ultimamente, minha vidinha de escritor tem sido a desse cara que, de quinze
em quinze dias, escreve com alegria suas crônicas para a Rubem e o No Osso. E
que, sem planejamento, em jorro, escreve um poema aqui, outro ali. Não sei se
um dia deixarei de escrever, mas que tenho sofrido pouco por não escrever o que
sempre gostei tanto, os contos, isso sim, eu sei.
Deixo minhas questões pessoais de lado. O que importa neste 2018 é a coroação de um encontro de 30 anos, um encontro que firmou uma sólida amizade entre sete artistas, pois é o que somos, e que foi facilitado pela Literatura, essa que não morre.
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