A mata é hermética. O sol, quando consegue penetrá-la, é um fio, um frio facho de luz.
O que
faço aqui? Caço. Comigo levo meu cão, minha arma, o saco para depositar a caça.
Lá vem
um bicho. Tum, tum ...
Guardo
o elefante.
Minha
mãe chega, senta-se na cadeira, perto da mesa, perto da churrasqueira, perto de
meu pai. Aproximo-me deles, sirvo-lhes, em bandeja de prata, o elefante
temperado. Com o susto, infartam.
Pais
...
A mata
cada vez mais fechada, um breu. Os morcegos tentam atacar-me. Primmm ...
Minha
mulher chega do cabeleireiro. Está linda, o cabelo como um bolo de festa.
Dou-lhe um beijo, prendo-a em meus braços, solto em suas costas os morcegos.
Descabelando-se, atira-se pela janela. Plaft seco e buzinas fanhas engarrafam o
trânsito.
Mulher
...
No meio
da selva, assusto-me com um rio. Lanço nele rede, isca, vara,
anzol. Pesco um tubarão.
As
crianças acordam ansiosas pelo aquário novo. Enquanto se distraem com os
peixinhos, desfaço a armadilha, cai do teto o tubarão. Como a água corre para o
ralo, as crianças se jogam nos dentes da fera, que em um último impulso as
devora,
Crianças
...
Morreu
o cão. Perdi a arma.
Para lá ou para cá. Mata sem fim.
Caçador...
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