15.12.25

O que não aconteceu em 2025

O Botafogo ganhar o bicampeonato da Libertadores da América.

O mundo tomar juízo, recolher as armas, dar fim aos genocídios de toda espécie.

Eu acertar na loteria e, com tutu no banco, assobiar na pracinha.

A ganância sair de cena cedendo o palco à solidariedade.

A volta de Jesus ou mesmo de um sósia. De um sósia confiável por suposto.

O Brasil ser tomado por um surto de leitura.

Os homens compreenderem que “o verão é o apogeu da primavera, e só por ela ser”, como já cantou Gilberto Gil.

Lô Borges, Jards Macalé, Angela Ro Ro, Arlindo Cruz e Nana Caymmi, sob a regência de Hermeto Paschoal, fazerem o show do ano-novo de Copacabana.

Eleger o amor como a grande aposta. Fazer fé. Se jogar de cabeça.

As crianças da Maré – e de todos os lugares igualmente ultrajados pelo Estado – frequentarem a escola sem preocupação outra que não a de se darem bem na prova.

A humanização das polícias, em especial a carioca e a paulista.

O juiz que gastou quase um dia lendo seu voto esdrúxulo ficar envergonhado.

Os números primos saírem do espelho.

A música universitária estudar de fato.

As balas se acharem.

Essa gente iludida se tocar que ser empreendedor pode ser uma furada só.

Os preços da maçã voltarem a um patamar razoável.

Os cachorros da vizinha acordarem depois das oito.

As bicicletas mecânicas, as elétricas, as quase motocicletas, as que lembram as lambretas, as motocicletas, essas máquinas todas, enfim, descobrirem o que é mão e contramão. Ah, sim, e o que é calçada e rua.

O sol nascer redondo para os golpistas de sempre. Ufa, pelo menos isso.

Um comentário:

pausado tempo disse...

Muito bom. Feliz Natal, Alexandre, e parabéns pelo sucesso comoe escritor. Que só aumente!