1.12.25

A cidade por um fio

Não sei como é em outras cidades, mas no Rio de Janeiro os fios que deveriam estar presos entre um poste e outro estão soltos. Às vezes, ficam pendurados, quando não caídos nas calçadas. Com isso, caminhar — atividade que sempre exigiu atenção redobrada pois os passeios, quase sempre desnivelados, estão cheios de buracos — agora cobra atenção triplicada.

Tenho impressão de que esses fios não dão choque, caso contrário já saberíamos de acidentes de toda sorte. Me parece que são os das telefônicas, embora muitas delas façam cabeamento subterrâneo. Não sei se é isso, não entendo nada dessas coisas. Graças a um trauma que conto a seguir, tenho bloqueio com tudo relacionado a fio e eletricidade.

Minha prima ia se casar, então meu irmão e uns primos começaram a furar o chão para gelar as cervejas (garrafa na terra coberta de gelo e serragem). Trabalhavam à noite e chovia. Eu, menininho de tudo, fui dar uma ajuda. Não tendo porte para empunhar uma pá e dar forma ao buraco, resolvi pegar uma lâmpada para dirigir sua luz diretamente ao local do trabalho. Levei um choque. Fiquei preso nela. Meu irmão, herói do dia, deu um soco na minha mão e tudo se resolveu. Quer dizer, nem tudo. Primeiro tive de ir à farmácia fazer um curativo na queimadura (meu pai me convenceu ao custo de um chocolate — sempre fui barato), depois me desavim com a eletricidade. Troco lâmpadas e olhe lá.

Explicado o meu terror aos fios soltos, acrescento uma questão estética. Não bastassem as ruas e calçadas esburacadas e os postes cobertos de fios, estes, quando passaram a ser cortados, transformaram a Cidade Maravilhosa em horrorosa. Para falar a verdade, nem consigo entender como uma metrópole do porte do Rio pode não tê-los enfiado dentro das calçadas; é muito retardo diante da tecnologia disponível. É caro? Telefonia e eletricidade não foram privatizadas? Joga na conta das empresas.


Foto do autor.


Será que os fios são roubados? O sujeito vai lá, mete a tesoura e leva uma parte deles para passar a um atravessador. Vendem-se fios como se vendem bueiros, tampas de aços? Imagino que sim. A suspeita dos roubos recairá nos zumbis criados pelo vício, mas ouso pensar na responsabilidade de gente mais graúda nessa história. Ora, quem sou eu para suspeitar dos outros? No máximo, posso achar feio o resultado. E apontar o dedo para o prefeito e dizer: incompetente.

17.11.25

Old School

Começo pedindo desculpas ao leitor e à leitora pelo inglês do título, mas não me ocorreu outro, que é certo existir, embora aos meus ouvidos a opção nacional, velha escola, não soe tão bem. Essa preguiça — afinal é preguiça — tem a ver com a apatia imposta pela perda do Lô Borges, que não era meu irmão, não era meu primo, nem mesmo distante, sequer era primo de um primo de um vizinho de um outro primo, mas assim mesmo me faz vestir luto por ele. Entre as mortes recentes, a do mineiro foi a de maior repercussão na tal da minha bolha. A tristeza foi generalizada, uma demonstração de como Lô é amado. No início dos anos 1970, o garoto então de dezoito anos apareceu embolando as referências — uma gota de bossa-nova, outra de Beatles, dois pingos de jazz e uma pitada de Dalva de Oliveira, cantora descoberta no rádio valvulado dos pais — naquele álbum icônico, o Clube da Esquina, mostrando-se desde sempre inovador. Se sua música é fácil de cantar, não nos iludamos, ela não é simples e carrega toda a sofisticação de suas influências – Wagner Tiso, no Instagram, chamou a atenção para isso. Para além do músico, Lô preservava a cara de menino, o olhar fixo, a fala um pouco enrolada, enfim, carregava um evidente desamparo capaz de atiçar o nosso – o meu pelo menos – altruísmo. 
Muita coisa aparentemente extemporânea, que parece repercutir o passado, influencia e modifica este presente confuso pelo qual passamos. "A viagem e outros contos" (editora Patuá), livro de meu amigo Luís Pimentel, vencedor do Candango de 2025, é um bom exemplo desse atrito. A coletânea reúne uma série de histórias recheadas de afeto e contadas por quem sabe muito bem manejar a escrita. Ao lado do apuro estético, aparecem nossas mazelas sociais de uma forma ausente da maioria dos livros atuais. Embora não haja qualquer evidência de ser sua intenção, Pimentel ensina que literatura não se faz apenas de boas intenções. Se a cerimônia da premiação em Brasília foi problemática, contando com um longo atraso das autoridades, inclusive daquelas com direito a um troféu sem que tenham escrito uma quadrinha sequer (coitada dessa plateia, gente!), a escolha do júri foi acertada. 
Numa sexta-feira, estava em casa quando pintou um zap do George Patiño, assessor de imprensa atuante e, como já se disse num tempo remoto, amigo ponta firme. Ele me oferecia um convite para assistir ao Victor Biglione. O instrumentista — argentino que, ao mudar-se para o Rio de Janeiro, transformou-se num brasileiro nato — está lançando “Tributo a Luiz Bonfá – Nos tempos do Jacarandá” (Mills Records). A homenagem não passa pela execução das músicas do “Jacarandá”, mas pelo uso da craviola de doze cordas, instrumento usado por Bonfá naquele disco incrível. Ouvi arranjos lindos, econômicos (violão e uma bateria discretíssima), que aqui e ali contavam com a participação da cantora Julie Wein. Tendo tocado com quase toda a MPB — “com o Wando, não!” — e mais uma pá de gringos, as mil e uma histórias do violonista são divertidas e instrutivas (para quem gosta da música brasileira). Aquela figura meio Rick Wakeman, ao longo da apresentação, bebericava o líquido de uma garrafinha. Alguém gritou: uísque? Água benta, foi a resposta. Quando pôde, Biglione não deixou de falar de como rechaça a intervenção dos EUA na América do Sul, nesse momento tendo a Venezuela como alvo. O filho de comunistas obrigados a se exilar da Argentina é fiel a seus velhos. 
Falei de três homens, todos com direito a passagem gratuita no transporte público. Meus leitores e minhas leitoras, não me queiram mal. Primeiro, essa coisa de old school não tem a ver com o fato de serem idosos. Tem a ver com o fato de manterem-se sempre meio à margem, sem se importarem com as novas ondas, com a moda. Nem é uma escolha machista, os exemplos vieram por acontecimentos recentes, mas, sim, eu poderia incluir nessa escola Angela Ro Ro, Sueli Costa, Zezé Motta ou, para não deixar de citar uma escritora, Elvira Vigna. 
No documentário “Toda essa água”, dirigido por Rodrigo de Oliveira e Vânia Catani, Lô diz que nos vinte primeiros anos deste século compôs cerca de oitenta músicas, colocando-se assim em movimento, não se acomodando ao que já produzira, aquela obra majestosa dos anos de 1970. Como o compositor não ocupou a mídia de forma ostensiva, essa fertilidade esteve ligada à necessidade artística dele, um compromisso ético afinal de contas. Essa posição vai ao encontro do que fazem Pimentel e Biglione: produzir sem se curvar à imposição seja lá do que for – mercado, tendência –, mantendo-se atuais. Triste de quem não os acompanha.

3.11.25

Uma festa de bolso

Era tempo de pandemia, e eu estava sentado na mesa do escritório — um puxadinho do quarto — quando a ideia explodiu na cabeça: Felifitá — Festa Literária de Fim de Tarde. Veio assim pronta, como quase prontos vêm alguns poemas. A ideia de uma reunião que pudesse acontecer em qualquer lugar, desde que à tarde, me foi soprada por uma musa. Não deveria dizer isso, já que foge ao assunto e é polêmico, mas muitos poemas meus nascem exatamente desse modo e, com isso, ferem de jeito a história de que literatura se faz com suor.

A Felifitá é uma festa de bolso — pode acontecer numa mesa de bar, num encontro de esquina, ao telefone, ou, tomando as palavras de Hyldon, autor de “Casinha de sapé”, “na chuva, na rua ou na fazenda”. Brinco que a inventei por estar cansado de não ser convidado para nenhuma das inúmeras espalhadas pelo país. Na minha, vou sempre, o que é e não é totalmente verdade, pois às vezes organizo o encontro, escolhendo os convidados, e depois me junto aos ouvintes.

Até hoje, fiz três ou quatro no Rio, uma em Belo Horizonte e a mais recente em Passos. As do Rio nunca foram um sarau, embora tenha havido leitura de poesias ou contos, já as mineiras foram. A de Passos, no início da segunda quinzena de outubro, aconteceu seis anos depois de minha última ida lá. A festinha, cujo nome, em processo de registro no INPI, recebi diretamente das mãos de uma das meninas de Mnemósine e Zeus, facilitou — a partir da literatura, meu esteio nesta vida — minha reaproximação com a cidade natal.

Vejam só: estar à toa, com as ideias soltas, me deu um nome. Passei a usá-lo em eventos amadores – depois que Nilma Lacerda, em resenha de “Aí onde não cabe” (editora Patuá) no site do jornal Rascunho, me chamou de amador, apoiada em Barthes, tornei-me fiel à ideia —, e eles não só têm me dado a chance de juntar amigos como também têm me ajudado a refazer afetos. Não é pouca coisa. Aliás, é um excesso. Nesse momento de puro regozijo egoico (que marcará toda a crônica, me desculpem), confesso: isso me tem feito um bem danado.

 

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No campo da criação, mas agora uma pensada e executada ao longo de muitos anos, ou seja, suada, estou com um novo livro na praça, “Os verbos estão cansados” (editora Patuá). Em dezessete contos, lido com personagens femininas (em oito), masculinas (em outros oito) e, em “A descoberta”, conto posicionado no centro do livro, com uma criança que tanto pode ser uma menina quanto um menino. Juliana Garbayo, escritora da qual muito ouviremos falar, escreveu o seguinte no prefácio:

“Ler ‘Os verbos estão cansados’ é se deixar levar por esse jogo onde cada resposta é, na verdade, o início de uma nova pergunta. E talvez seja essa a sua maior sacada: a intuição de que, enquanto houver perguntas, a narrativa continua viva”.

O trecho ilustra bem o que se passa em meus contos, gênero ao qual volto depois de oito anos (“Uns e outros mais dois ou três”, o anterior, compõe a coleção Estilingues 30, também da Patuá, e é de 2017). O livro, para quem quer conhecer o meu lado contista, está à venda no site da editora.

Aviso aos cariocas e aos que estiverem na “cidade maravilhosa, purgatório da beleza e do caos” (Fernanda Abreu, Fausto Fawcett e Laufer) que no dia 11 de novembro haverá lançamento (no Ernesto Bar, localizado na Lapa, ao lado da sala Cecília Meirelles), um evento no qual meu amigo João Paulo Vaz também apresentará seus novos contos, reunidos em “Os meninos” (7 Letras).

 

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A crônica toda montada no ego escorrega no final. Na última terça-feira, dia 28, em uma operação desarrazoada, as polícias do Rio de Janeiro, sob o comando do governador Cláudio Castro, deixaram um rastro de mais de cem mortos, a maior matança da história policial brasileira — superou a intervenção no Carandiru e a mais recente, também no Rio desse governador, no Jacarezinho. Não acredito de modo algum que matanças desse tipo resolvam o problema da violência — mesmo que matem só os bandidos, o que nunca acontece, pois inocentes morrem aos montes, É só um teatro com vistas a receber os aplausos daqueles que não acreditam na possibilidade da vida comum em harmonia, uns porque lucram com o caos, outros porque a violência está tão próxima deles que a confundem com a própria vida. 




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21.10.25

De bem com as novidades

Não sei quem, na nova versão de “Vale Tudo”, matou Odete Roitman. Aliás, dessa vez não assisti a nenhum capítulo da novela, mas, a julgar pelo que me disse um amigo, fiz bobagem. Por que? É o seguinte: quando o vi debruçado sobre a telinha do celular, apreciando o diálogo entre dois personagens da trama, dei-lhe uma enquadrada: “ora, o que é isso, vendo novela?” Ele então negou que a acompanhasse, pescava, isso sim, alguma coisa para ter assunto com as pessoas. Benza Deus, não tenho assunto, nem terei.

Sempre fui de virar as costas às novidades; desatento, gosto mais de livros do que da vida – embora mais da vida do que de TV. No caso das leituras, nem sempre estou lendo os lançamentos, e os que leio nunca ou quase nunca são os mais vendidos. É um desvio de caráter, bem sei.

Comecei a me preocupar com essa recusa às novidades ao saber que – segundo Derya Unutmaz, imunologista turco e professor do Laboratório Jackson de Medicina Genômica, em Connecticut –, quem viver mais dez anos, viverá mais cinquenta (isso só é espantoso para quem, hoje, tem no mínimo quarenta anos, os demais têm obrigação de viver mais sessenta). Segue daí que, se eu chegar aos setenta e quatro – meu pai morreu aos setenta e oito, minha mãe, aos oitenta e quatro, portanto a probabilidade é grande –, viverei até os cento e vinte e quatro. Preciso me ajeitar com as novidades, caso contrário serei um velho longevo insuportável, nostálgico demais, melancólico, inclusive. Se não faço nada, corro o risco de ser expulso do cômodo da excentricidade e abandonado no da chatice.

Aos oitenta estaremos com a memória comprometida, como é usual, embora fisicamente resistentes? Para o médico turco, a Inteligência Artificial é capaz de resolver qualquer problema (não só os da medicina, se bem o entendi), assim me parece óbvio que em seu prognóstico o cérebro do octogenário também se manterá jovial, funcionando muito bem. Ou seja, uma novidade, a IA, abre o caminho para a vida terrena eterna, enquanto me mantenho por fora de tanta coisa.

Não sei quem são os atuais jogadores do Botafogo – e estava inteirado do time de 2024.

Não conheço a maioria dos escritores asiáticos incensados por amigos, nem o húngaro ganhador do Nobel de literatura, moço de nome complicado.

Minha última atualização em termos de linguagem da internet foi entender o significado de “stalkear”, um trem velho até. Mas o que é LOL? E Shade?

Não danço funk. Não assobio músicas da Pablo Vitar. Não tenho Tiktok. Não corrijo meus textos usando o Chatgpt, embora não descarte a ideia. Não frequento rave – mas, você dirá, e lhe peço que me questione, mas não me acuse, isso já não era novidade no tempo em que os bois pastoreavam carneiros.

Caminho pelo “museu de grandes novidades” e olho atento objeto a objeto. A rave não está nele – ah, sim, claro. Ao contrário da morte.

A morte?

Sim, é a nova peça do museu. A escuridão, – ou o desconhecido, – ou o salto no desconhecido, – ou o fim, está para ser emoldurada num quadro e fixada na parede, uma imagem que talvez nem chegue a doer.

Não sei quem deu o tiro, mas arrisco a dizer que Odete Roitman pode ter sido a última pessoa a morrer nesse mundo que nós humanos arrancamos de Deus.


Pós-escrito: soube há pouco que a senhora Roitman não morreu (aliás, seria sua segunda morte), logo, entramos na eternidade na companhia dela. Sigamos....

6.10.25

As ruas tomadas

 

Candelária em 1984: comício das Diretas Já


Em 26 de janeiro de 1984, eu botava os pés de volta ao Brasil, entrando pelo Mato Grosso, depois de umas férias na Bolívia. No jornal, a manchete dava conta do comício gigantesco em São Paulo, marco inicial da campanha das Diretas Já – enfim sepultada, o que não impediu o campo democrático de ganhar as eleições indiretas. Seja como for, em abril daquele ano, eu estava na Candelária acompanhado de mais ou menos um milhão de pessoas. Se cada um de nós não passava de uma gotinha, juntos desaguamos num dilúvio capaz de afundar a barca de Noé.

Era criança quando houve o golpe de 1964, portanto estudei em escola sob as diretrizes dos militares, aliás, aquela em que eu fiz o ginásio – hoje ensino fundamental – foi criada por eles, o Polivalente. No interior de Minas, eu e meus colegas não éramos politizados, ou éramos para as questões locais. Sempre gostei de apoiar algum vereador, mesmo não tendo idade para votar. Apesar de um pouco alienados, à noite gostávamos de cantar, na surdina, “Para não dizer que não falei das flores”, a música do Vandré. Decerto sabíamos que alguma coisa não andava bem. De qualquer jeito, a maioria dos meus amigos daquela época hoje transita pela direita ou pela extrema-direita, talvez tenham se esquecido – ou queiram se esquecer – daquela nossa insurgência musical e o seu significado.

Ao me mudar para o Rio, em 1980, comecei a participar das assembleias e passeatas que questionavam a ditadura. Algumas vezes, mirávamos uma determinada política, como o redutor nos salários imposto por Delfim Neto com o intuito de conter a demanda. Ele assinava o decreto, e lá íamos para a rua bradar contra o arrocho (o nome dado àquela política). Noutras vezes, a luta era mais ampla e direta pelo fim da ditadura pura e simplesmente. O Rio de Janeiro sempre foi dado a protestos, cada um mais bonito que o outro. Ou foi até 2013, início da onda estranha. Lembro-me de naquele ano ter ido a um comício na Cinelândia e ser surpreendido pela ausência de partidos políticos. Ali começou a dissociação entre o povo e a política formal, o que alimentou uma figura como a do agora condenado e ex-presidente do país. Fora da política ronda o fascismo – uma velha lição que não deveria ser esquecida.

Com a morte da Marielle, a indignação nos animou de novo. Se a militância havia envelhecido, naquele momento os jovens – fundamentais para a derrubada do Collor – voltaram à cena. De qualquer forma, um pouco depois e contra o pior governo da história, não se conseguiu animar as ruas. Claro, houve a pandemia, mas essa não foi a única razão do esfriamento. O mundo estava (e está) confuso, essa é a verdade. Muita gente que questionara o PT, por conta da Lava-jato, não conseguia se posicionar. Uma parte não chegou a se juntar à extrema-direita – os bons votos em Marina Silva e Ciro Gomes e mesmo o voto nulo falam por si –, outra foi e custou a voltar (talvez ainda se sinta sem chão). Muitos continuam lá, não raro rezam para pneus e idolatram santos do pau oco tomados pelo cupim. Os mais exacerbados quebraram Brasília, uns tantos amargam uma cadeia justíssima.

Agora demos um show. A multidão no Rio de Janeiro, em São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Brasília, Curitiba e em muitos outros lugares fez e aconteceu. Em Copacabana, acompanhados por artistas imensos – Caetano, Chico, Gil, Paulinho da Viola, Ivan Lins, Lenine, Maria Cadu e mais alguns –, cantamos as músicas que sempre questionaram o pobre poder. Num sopro derrubamos o algoritmo e tiramos o protagonismo do mundo virtual – embora nele tenha se organizado a manifestação. Com o barulho, os políticos recuaram um pouco – a tal PEC da Blindagem, mais conhecida como da Bandidagem, foi recusada na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, não indo sequer à votação no plenário. Como a questão da anistia aos golpistas de janeiro de 2023 ainda pipoca pela casa legislativa, acho que teremos de tomar as ruas de novo. Estou prontinho, com roupa de ir.